sábado, 15 de outubro de 2011

BUENOS AIRES, LA CIUDAD DE LA FURIA*

   Minha experiência em Buenos Aires no ano de 2009 não havia sido muito legal, mas depoimentos de diversas pessoas me fizeram acreditar que a cidade ia além do que eu já tinha visto. Somado a isso, eu estava estudando espanhol já há um bom tempo e, naturalmente, estava muito mais interado e interessado pela cultura deste povo. Portanto, fiquei bem feliz quando meu pai comprou um pacote de quatro dias na capital argentina pra família. O pacote era simples: passagem, hospedagem e um city tour. O resto do tempo era livre. Quer dizer, mesclava o conforto que meus pais não abrem mão com a liberdade que eu gosto de ter quando viajo. Tudo ia ser diferente! Assim, numa bela quarta-feira de 2010, pegamos um vôo noturno lotado de turistas gaúchos rumo à Buenos Aires.
   Chegamos no meio da madrugada na cidade e nem por isso a cidade deixou de já parecer interessante. Havia muitas pessoas pelas ruas durante todo o percurso até o hotel. Fosse trabalhando, indo ou voltando de uma festa ou simplesmente reunidos com sua galera numa praça qualquer. Entretanto não pude refletir muito mais que isso, estava podre de sono.
    O city tour já era no primeiro dia, no início da tarde. Como não podíamos ir pra muito longe, pois logo deveríamos estar de volta pra pegar o busão do passeio, ficamos nas redondezas do hotel adiantado as compras tradicionais: alfajores de todos os tipos e tamanhos e Gilletes Mach 3 (custam uns 60% menos). Depois demos um bom passeio pelo Shopping Abasto – que fica um pouco mais longe dos pontos turísticos e talvez por isso tenha preços bem mais razoáveis.

Flagrado devorando um Mostaza

Toda cidade do mundo deveria ter um Freddo

   Pronto! Já estava na hora do city tour. Não para minha surpresa, foi exatamente da mesma forma que da outra vez: olha-se quase tudo de dentro do ônibus, os colegas de excursão ficam fazendo câmbio com o guia, que por sua vez não conta nada dos lugares que estamos passando e só paramos no Caminito (que é um lugar para bater fotos, comprar lembrancinhas e jurar que aquilo é a cara da Argentina). Enfim, bati a minha foto também.

Cachorro elegante

   Obviamente, o passeio acabou num outro destino tradicional e de compras: a Calle Florida, que é uma rua de comércio popular – e que cada vez mais é habitada por turistas brasileiros.. Andamos por lá também, mas já com a consciência de que o bairro do nosso hotel oferecia preços melhores. Acabamos a noite em um dos tantos deliciosos restaurantes de Puerto Madero, o bairro mais recente e moderno da capital argentina.


LO QUE ME UNE CON LA CIUDAD DE LA FURIA
   Agora a viagem ia começar!! Sem turistas, sem roteiros padronizados, sem tempo cronometrado pra cara atividade. Apenas nossa vontade de tentar sentir a Buenos Aires dos argentinos e um Lonely Planet com as melhores dicas em mãos. Nosso primeiro destino foi onde o busão do dia anterior não quis parar: a Casa Rosada e seus arredores, como a Catedral e o Cabildo. Na verdade, a morada da senhora Kirchner não chama tanto a atenção como a constante movimentação das Madres de La Plaza de Mayo. De resto, a Catedral era o único lugar “visitável” naquele momento e confesso que gostei mais que da outra vez que estive por lá. É, de fato, uma escultura gigantesca.
 Família faz pose diante do lar dos Kirchner

Pena que não dava pra fotografar lá dentro

   De lá fomos a pé até o Congresso, que não é muito longe. E é agradável caminhar por Buenos Aires. A cada pouco há um café, as ruas são, de uma forma geral, limpas e com placas indicando seus nomes e os motoristas não buzinam sem razão. E apenas caminhando pela cidade é que se pode parar e observar como vivem os locais, encontrar um graffiti, analisar a arquitetura de um prédio antigo ou mesmo encontrar uma feirinha alternativa.


Ruas enfeitadas para a Copa do Mundo

 Paseo de la Resistencia

Ya!

Dog walkers

¿Lindo, no?

Isso é Argentina.

   O Congresso argentino está localizado num prédio imponente, tal qual o americano. Pra nossa sorte, chegamos na hora de uma visita grátis e guiada. As dependências do prédio são tão velhas quanto seu exterior, porém conservam um certo charme e transbordam história.

O Pensador, de Rodin, e o  Congresso

Plenário no breu

   O almoço já foi na hora do lanche e foi uma delícia. Pra variar, carne e batata-frita. Os argentinos não variam muito sua dieta, porém sabem o que é bom. O resto da tarde foi dedicado às compras na Avenida Corrientes, que, nas quadras longe da Avenida 9 de Julio (a principal da cidade), tem preços para argentinos. Recomendo muito a Bross Boarding e a Soho.

 Uns três ou nove pombos habitam a Corrientes


NADIE SABE DE MI Y YO SOY PARTE DE TODO
   O sábado foi focado no bairro Palermo. A região é muito simpática e tem bastante áreas verdes. Começamos pelo Jardim Botânico, que é pequeno, mas vale a visita. Contudo, o mais legal foi passear no Zoológico. Por mais infantil que isso possa soar, zôos sempre são divertidos – sem contar que lá havia bichos diferentes. Ver um urso polar e um tigre branco de pertinho é o máximo!

Escultura por mim batizada: Pegadinha do Malandro!

 Eu abraçaria ele

Esse não

   Almoçamos uma pizza deliciosa num barzinho nas redondezas e seguimos ao Parque Tres de Febrero e ao Jardín Japonés, que é anexo ao primeiro. Mais legal que os parques, só constatar a plena sensação de segurança e tranqüilidade que os hermanos sentem ao andar por lá mesmo quando anoiteceu e o senso de comunidade que têm e demonstram. Eles pertencem àquele lugar. Não havia nada depredado – nem nos parques e nem no resto da cidade.

Corda bamba

Ninjas

Jardín Japonés


ME VERÁS VOLVER
   O último dia em Buenos Aires foi tri legal. Pela manhã, fomos na famosa Feria de San Telmo, onde artesãos locais e ambulantes fazem a festa vendendo suas bugigangas a preços módicos. O almoço já foi no elegante bairro Recoleta, onde comi uma inesquecível panqueca de maçãs com chocolate e sorvete e depois visitei o cemitério local. Juro que pensava que era sem-graça passear por cemitérios. Talvez em outros sejam, mas aquele não. Não há aquele clima pesado de outros cemitérios e as lápides são puras obras de arte. 



Apenas uma amostra da beleza deste lugar

   Ainda deu tempo pra passarmos numa outra feirinha dominical de artesanato, olhar de relance um show de uma banda punk que do nada começou a tocar no meio da galera que fazia piquenique e ver o entardecer na Plaza de las Naciones Unidas, que tem como maior monumento a Floralis Genérica.

 "Não pisca desta vez, Germano!"

"Por la luz del sol se derriten mis alas"

   Com tanta coisa bacana que fizemos, vimos e sentimos, encarar o vôo de volta às quatro da manhã não foi tão sofrido assim. Voltei de Buenos Aires encantado e louco pra retornar à capital argentina. A cidade é gigantesca, mas funciona. As pessoas, embora um pouco mais orgulhosas que o pessoal do interior argentino, são, sim, gentis. Elas não têm muita paciência com quem espera ser compreendido em português e não se esforça pra falar o idioma deles, no país deles. Aí eu até concordo com eles. E por tudo isso declaro, Buenos Aires: me verás volver!



* Os títulos e subtítulos deste post são citações de En la Ciudad de la Furia, música daquela que é a minha banda argentina favorita, a Soda Stereo. Ainda que esta fúria não tenha a mesma intensidade dos tempos desta composição, é inegável que ela persiste.

Um comentário:

  1. Ja estava com muita vontade de conhecer a Argentina, agora isso so aumentou.
    Vou aproveitar que minha mãe agora esta vivendo lá e vou aproveitar para fazer uma bela visita a mi madre y la ciudad.
    Beijo.

    ResponderExcluir